O que era absolutamente previsível por intuição
agora tem fundamentos técnicos de economistas
com o estudo Perspectivas de Desenvolvimento e Oportunidades do Setor Terciário
para o Polo de Desenvolvimento de Goiana, contratado pela Fecomércio e pelo
Sebrae. O estudo sainas vésperas de um dos mais importantes acontecimentos da
história econômica de Pernambuco, o início de produção do polo automotivo na
Mata Norte, marco da expansão geográfica de desenvolvimento do Estado nos
últimos anos a partir do polo da Mata Sul, com o Complexo
Industrial-Portuário de Suape.
A data oficial dessa revolução industrial pernambucana
tem dia certo, 28 de abril, mas o processo, o amadurecimento de todo o complexo
que vai cercar a produção de automóveis, há muito tempo ganha forma em
empreendimentos auxiliares e na geração de um potencial extraordinário, agora
mapeado pelos estudos que acabam de ser divulgados. Sabia-se desse potencial
pela sinalização óbvia de uma atividade produtiva altamente multiplicadora, tanto pelo seu tamanho
e significado para a absorção de mão de obra direta, quanto pelo estímulo a um
mercado de trabalho auxiliar constante, com alta capilaridade. Prova disso são
os micro e pequenos empreendimentos ligados ao que o estudo trata como “efeito
renda”.
A identificação de áreas com potencial para novos negócios mostra como
o entusiasmo em Pernambuco hoje vai além da produção do grupo Fiat Chrysler e
seu Jeep, já circulando virtualmente por todo o País como um novo e importante produto
nacional. Ali está mostrado como vale a pena investir em transporte e turismo,
serviços de saúde, educacionais, de profissionais liberais, recreação, cultura
e esportes, alimentação, administração de imóveis, locação de espaços, veículos
e máquinas, serviços para as empresas e fornecimento de escritório e limpeza.Um
campo inesgotável, pela capacidade de se expandir, realimentar e dar impulso a
novas atividades, dando à Mata Norte de Pernambuco o que sempre lhe faltou: a
policultura – para além do setor
primário –, contrastando com a esgotada monocultura canavieira. Essa, hoje,
pode sim contribuir para trazer de volta um antigo orgulho nordestino, que foi deixado de lado
quando deveria ter prosperado, a produção de álcool combustível, apregoada no
século passado como o futuro do nosso País. São muitos os dados, fornecidos
pelo estudo, sobre o potencial econômico das cidades no entorno do polo
automotivo, mas um em especial deve ser
considerado por todos os protagonistas deste extraordinário momento da economia
pernambucana: a capacitação de mão de obra, uma carência evidente para a qual
se devem voltar todos os poderes públicos.
Assim como se devem tratar como
emergenciais obras de infraestrutura novas e, sobretudo, as antigas, como o
Arco Metropolitano, uma dessas promessas que se arrastam ao infinito e retardam
o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Fonte: JC - 18/04/2015