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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Crescimento do setor de logística de medicamentos esbarra em regulação


São Paulo - Em meio à retração econômica, regulamentação
Desconexa e concorrência desleal ganham força e derrubam desempenho do setor de 
transporte de medicamentos. Sem mudanças, as margens tendem a continuar em
 queda junto com o número de empresas especializadas na área.

Com dificuldade de repassar custos aos clientes, operadores logísticos especializados
 apresentam perda de margem desde 2009. Segundo a pesquisa 
"Transporte de Medicamentos no Brasil", da Associação Nacional 
do Transporte de Carga e Logística (NTC&Logística), a margem das empresas 
entrevistadas caiu 43,8% em 2015, ante 2009. "E a tendência é que continue", 
afirma o vice-presidente Comercial da RV Ímola, Thiago Amaral. Na companhia,
 a perspectiva é de queda de quase 18% em 2016, ante 2015.
Assim como a RV Ímola, outras estão na mesma situação. "Somos cerca 
de 20 no transporte de medicamentos e 40% do mercado está entre 12 empresas
. Se a gente observar os players de 10 anos atrás, poucos continuaram e se não
 houver uma mudança isso pode diminuir ainda mais", explica Amaral.
De acordo com ele, os custos relacionados ao transporte (combustível, dissídio e
 linhas de financiamento para compra de veículos) estão cada vez mais altos e, 
em contrapartida, o repasse está difícil. "Como tem muita gente ociosa, os 
clientes estão renegociação do contrato", conta. Além dos custos, a mão de obra
para operar os caminhões refrigerados também é cara.
"O problema é que nem todos têm o mesmo patamar de custos", complementa. 
Segundo ele, o volume de transportadoras que não são da área e não cumprem 
todos os requisitos está crescendo. Essas empresas encontraram uma brecha 
para entrar no mercado por conta da crise econômica. "Alguns laboratórios
 têm feito vista grossa", reclama.
"Com a crise, o controle de qualidade dos laboratórios se perdeu um pouco", 
ressalta o vice-presidente extraordinário coordenador da câmara técnica 
de transporte de produtos farmacêuticos (TFARMA )da NTC&Logística, Clovis Gil.
Um caso muito comum, de acordo com Gil, é a licença necessária para atuar
 no ramo que exige que as transportadoras tenham permissão da 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de cada região em 
que irá atuar. "Mas tem sido comum algumas realizarem o transporte com
 apenas uma licença", conta.
De acordo com Gil, antes o controle de qualidade determinava quem está apto
a realizar o transporte e, agora, com a crise alguns laboratórios estão analisando
 em primeiro lugar o preço. "A maioria ainda preservam o cuidado, mas tem 
outros que não", sinaliza.
O problema não é apenas a falta de licença em uma região, mas a falta de
 padronização de cada Anvisa local. "Cada uma tem uma interpretação diferente"
, explica Thiago Amaral da RV Ímola.
Desta forma, quem está irregular acaba tirando em apenas um lugar (menos criterioso) 
e quem vai fazer quer tirar em todas as regiões tem dificuldade de unificar as 
operações. "Muitas vezes o entendimento técnico da regional é diferente da 
estadual que por sua vez é diferente da federal", discorre.
Fiscalização
Este não é o único desafio na regulamentação. Ainda na opinião de Clovis Gil 
da NTC&Logística, a falta de clareza e especificidade das regras é o principal 
desafio do setor. "Algumas resoluções (RDC) de armazenamento foram adaptações
 de exigências feitas a laboratórios que muitas vezes não fazem sentido", diz.
Outra questão é a falta de padronização no carregamento. "Alguns laboratórios 
colocam 200 unidades em uma caixa e outros colocam 25. O ideal seria 
padronizar o recebimento e o transporte. Além disso, o padrão de embalagem
 que cada uma tem é diferente."
Na contrapartida, ele argumenta que tem regras que podem ser exigidas: 
como a obrigatoriedade de caminhão refrigerado. "O Brasil tem dimensão
 continental e os medicamentos devem ficar em temperaturas 
específicas para não perder suas propriedades."
Para que as medidas sejam revistas, a entidade junto com uma consultoria 
está trabalhando em regras de padronização que está em fase final. "Ainda 
devemos apresentar a cartilha às associadas, mas posteriormente levaremos
 à Anvisa em Brasília", conta.
Alternativas
Para conseguir crescer, a RV Ímola realizou uma remodelagem da malha
 logística que exigiu o fechamento de 100 armazéns. "Agora as cidades 
que eram atendidas por eles fazemos através de outras unidades", explica 
Thiago Amaral da RV Ímola. Segundo o executivo, com a diminuição de 
custos fixos foi possível reduzir em 30% os gastos. "Mesmo que eu tenha 
agora custos variáveis, que são mais altos, para atender essas cidades, só 
preciso pagar quando tiver carga. Com isso, acabei ganhando margem", diz.
A expectativa para 2017 é que a nova reestruturação ajude no crescimento d
a receita, que neste ano deve ser de R$ 120 milhões

Fonte: Datamark novembro 2016